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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

1 mês em Portugal

Passado um mês em terras lusas e a vontade de voltar a terras indianas mantém-se. Matada a sede de praia e as saudades da família e dos amigos, sinto que estou pronta para voltar novamente para o país que me acolheu nos últimos 6 meses.

Lembro-me de aterrar no aeroporto de Lisboa e achar estranho ouvir as pessoas falarem português, lembro-me de achar estranho todas esta nossa civilidade, estranhei também a condução para nós dita normal, entre tantas outras coisas... E as saudades das minhas queridas vacas a passear pelas estradas como se mais nada importasse.

Antes de partir o sentimento era de incerteza e de desconfiança, agora os mesmos sentimentos inverteram-se: certeza de voltar e plena confiança de que voltar a Nova Deli me deixaria feliz.

Contudo, não posso negar que no que toca a qualidade de vida durante esta época tão almejada, nada se compara ao nosso querido país à beira mar plantado. É isto que, de certa forma, me tem feito passar os dias com mais facilidade e apazigua a vontade de regressar à Índia.


E enquanto escrevia este post, a luz de minha casa foi abaixo, como tantas vezes acontecia em Nova Deli. Sugestão?!

O futuro é incerto. Com sorte, continuarei este blog ou iniciarei um novo blog com as minhas aventuras num outro qualquer país...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Varanasi

Situada no estado de Uttar Pradesh, Varanasi é uma das cidades habitadas mais antigas do mundo e a mais antiga da Índia. À semelhança de outras cidades que visitei, esta  encontra-se também nas margens do rio Ganges. É a cidade mais sagrada para o hinduísmo.

Mochilas às costas e tudo preparado para a viagem até Varanasi. Chegamos à estação de comboios e, para começar bem a viagem, dizem-nos que o comboio está com um atraso de duas horas...

Bem à moda inglesa, o comboio chegou e os nossos nomes estavam escritos numa folha de papel, colados à porta da nossa carruagem. Não houve espaço para dúvidas, esta era definitivamente a nossa carruagem!
Os comboios indianos têm muito que se lhe diga... As carruagens parecem camaratas, onde, de um lado do corredor existem duas camas tipo beliche, e do outro existem 6 camas: 3 de cada lado do espaço, dispostas como se fossem um beliche. As camas do meio são "amovíveis", pelo que durante o dia é possível "fechá-las" e tornar o espaço mais agradável, sendo possível ter assentos confortáveis.
As casas de banho! Essas ainda têm mais que se lhe diga... Mesmo  não sabendo o sítio certo das WC, é possível sentir o cheiro a milhas! Um buraco no chão, espaço para os pés e está a sanita apresentada.

Mas o pior ainda estava para vir... Começa a aproximar-se a hora de, supostamente, chegarmos a Varanasi e o comboio ainda se encontrava quase a meio caminho: chegámos a Varanasi com um atraso de 9 HORAS! Conclusão: ficámos com cerca de 3/4 horas para poder visitar a cidade... Digamos que, ainda assim, deu para ter a percepção do local. Contudo, devido às monções o nível de água subiu de tal maneira que toda a "marginal" estava submersa. O local onde se praticam todos os costumes e tradições ficou restringidos a um pequeno espaço. Ainda assim, foi possível ver as fogueiras onde fazem a cremação dos corpos e foi possível assistir a uma cerimónia típica.


E já mesmo na recta final antes de voltar a Portugal, o tempo é aproveitado para "queimar os últimos cartuxos"...

domingo, 14 de julho de 2013

5 meses + 2 dias na Índia

Ao fim de 5 meses na Índia e menos de um mês para voltar, não posso deixar de admitir que a falta de praia dá cabo de mim... Os jantares com os amigos, as festas de verão, as férias fora das Caldas...


Mas, à parte disso, continuo a adorar a vida por Nova Deli e pode ser que a vinda das monções atenue esta minha sede de praia e festividades. 



Quando penso que está cada vez mais próxima a data de deixar a cidade, não posso negar que um sentimento de nostalgia e de tristeza rapidamente me assombra. Vai ser difícil deixar todos os meus amigos e a vida que levo cá. Fica o sentimento de um dia aqui voltar e poder rever os espaços, poder reviver os momentos hilariantes. Irei lembrar-me para sempre desta minha experiência tão gratificante em todos os aspectos.



Na sexta-feira fui a um casamento indiano. Completamente diferente dos nossos, como de resto seria de esperar. Uma espécie de toldo quadrangular e uma chama ao centro rodeada de almofadas em cada lado do quadrado, é assim o "altar" indiano. Os noivos sentam-se ao pé da chama e os convidados, do lado de fora do quadrado, assistem à cerimónia. Entre "doces" que fazem as vezes da hóstia, entre "pinturas" na testa e as preces indianas, finalmente os noivos estão casados. No fim, dão a volta entre todos os convidados, e em vez de arroz, atiram-se pétalas de flores.


Depois segue o copo de água, igual ao ritual católico (com excepção da comida ser indiana...). Foi uma experiência única e que não irei esquecer: não só por ser tão diferente dos nossos costumes mas também por todo o ambiente de alegria e felicidade que foi possível presenciar naquela noite. (Também porque fui vestida a rigor e adorei: sari! Apesar de quase ser preciso um curso para poder vesti-lo, não me importava de vestir um todos os dias!)

E tendo cada vez mais consciência de que o tempo voa, resta-me, por agora, aproveitar ao máximo as 3 semanas que me sobram e guardar comigo as melhores recordações...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

1 month left

E de hoje a um mês já vou rumo a Portugal... 

É todo um misto de sentimentos: tenho pena de deixar Nova Deli e todos os amigos que fiz cá mas, por outro lado, sei que o regresso vai saber bem - embora soubesse melhor se soubesse que era temporário e rapidamente teria emprego em África ou na América Latina (Porquê? Porque agora são os continentes que me despertam curiosidade, sei lá bem porquê...).

Um dia destes fui novamente ao INA Market. Reitero que a zona do peixe/carne é de todo um espaço impossível para mim! Sentados com uma "espada" em frente, é assim que eles amanham o peixe. A quantidade de moscas e o cheiro horrível dispensa qualquer tipo de comentários. Têm, também, em baldes, peixe-gato vivo: um deles saltou do balde!! Lá foi o vendedor apanhá-lo e pô-lo junto dos outros.

Peixe-gato no INA Market



Ontem ia a caminho de casa e a polícia mandou parar o condutor do auto-rickshaw (!!!). Pensei: "Que querem estes agora?". O condutor olhou para mim, levou a mão à cabeça como que dizendo "São doidos", e rapidamente percebi que os polícias estavam a pedir indicações. Incredible India!  :)
Hoje, como se não chegasse a palhaçada de ontem, um outro condutor tirou-me completamente do sério... Disse-lhe para ir por x caminho, faz precisamente o contrário - leva o caminho mais longo. Foi mandado parar pela polícia e, segundo me pareceu, a sua carta de condução não estava válida! Como resolver o caso? Dar 100 rupias (cerca de 1,5€) ao polícia e não se fala mais nisso. Percebi que o estúpido andou por caminhos mais longos para fugir às autoridades (bem se lixou!). No fim, lá se desculpou "Sorry madam, sorry". Raios o partam!


Ontem, ao final do dia fui ao ginásio, situado num complexo desportivo bem moderno. Existem inúmeros desportos e o complexo está subdividido consoante a modalidade: parece uma pequena cidade onde cada bairro é destinado a um diferente tipo de desporto.


As monções já começam a dar sinais e parece-me que, em breve, a cidade vai parecer mais Veneza que outra coisa: quando vêm as chuvas tropicais, as ruas viram rios! Mãe, envias as minhas galochas, please? ;))

quarta-feira, 19 de junho de 2013

4 meses + 1 semana na Índia


Apesar das saudades da comida portuguesa e dos amigos de Portugal, a vida pela Índia continua a correr da melhor forma, ainda para mais quando recebemos agradáveis visitas portuguesas, com presentes que já deixavam saudades: bacalhau, atum, queijo, bolachas, paté de sardinha, revistas, livros e jornais portugueses. Toda uma panóplia de presentes que sabem tão bem, especialmente quando estamos a cerca de 8000 Km de casa. Obrigada Carla e Tina! Obrigada Mãe! :))


Apesar do calor insuportável que se fez sentir no início da semana que passou, mostrámos que somos mais fortes e fomos visitar Nova Deli. Por entre vários monumentos visitados, e dado que ainda não tinha visitado, destaco o mausoléu de Nizamuddin: Nizamuddin Dargah. Frequentado por muçulmanos, lá fomos nós complexo adentro, com a cabeça e os ombros cobertos (e, ao que parece, também tínhamos que cobrir as pernas, facto que só descobrimos no fim de atravessarmos todo o complexo!). Nos corredores deste complexo vê-se imensa pobreza e pedintes mas, ao mesmo tempo, as crianças super felizes com um grande tanque cheio de água que faz as vezes das nossas limpas piscinas.

No ISKCON Temple assistimos a uma cerimónia hindu em honra ao lord Krishna. Dois indianos comandavam as lides, cantando e tocando uma espécie de acordeão, enquanto o resto das pessoas acompanhavam a canção, batiam palmas, esperando ansiosamente a abertura das portas e a hora de prestar o culto ao Lord Krishna. Chegado o momento, deitam-se em frente às portadas das janelas, beijam o chão, benzem-se e fazem as suas orações. É impressionante a tamanha dedicação destas pessoas para com a religião.


E quase como ir a Roma e não ver o papa, vir à Índia e não visitar o Taj Mahal é imperdoável. Desta feita, lá fomos até Agra para ver a imponência deste mausoléu. Considerado uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno e Património da Humanidade pela UNESCO, confesso que me desiludiu um pouco. Não posso negar que quando passei a porta principal que dá acesso ao Taj Mahal e avistei o edifício, fiquei impressionada com tamanha beleza e prepotência mas quanto mais próxima do mausoléu, mais semelhanças encontrava com outros monumentos avistados anteriormente. Talvez seja ingrato dizer estas palavras mas correspondem, de facto, ao que senti.

O forte de Agra é, de certa forma, parecido com o forte de Delhi, pelo que não foi novidade para mim. Contudo, a vista sobre o Taj Mahal e a presença dos macacos fazem com a que visita se torne mais agradável.
Vistas as coisas mais importantes em Agra, fomos até à cidade fantasma de Fatehpur Sikri. Conta a história que, aqui, o rei tinha três mulheres: uma cristã, uma hindu e uma muçulmana. Não conseguindo ter filhos de nenhuma delas, foi até ao túmulo de Sheikh Salim Chisti onde se diz que os desejos se tornam realidade. Assim sendo, passado um ano (e partindo do pressuposto que o seu desejo era ter um filho), teve um filho da mulher hindu.
Tomb of Sheikh Salim Chisti (Construção com pedra branca)
A viagem para Jaipur, capital do estado de Rajasthan, foi cansativa mas o constante surgimento de vacas, camelos e elefantes tiraram qualquer sono que tinha.
Jaipur é uma cidade diferente de Delhi. Diria mesmo que tem mais aspecto de cidade do que a capital per si devido à sua construção mais cosmopolita. Por entre templos, palácios e museus, cabe-me destacar a cidade velha, construída à volta de uma muralha cor-de-rosa, a condizer com todos os edifícios cor-de-rosa cobertos pelo muralha - é por isto que é conhecida como a cidade cor-de-rosa.

Antes de voltarmos a Delhi ainda parámos em dois palácios: um sobre a água - Jal Mahal - e outro no meio de colinas, árido e seco - Forte e Palácio de Amber.

Jal Mahal


Amber Fort and Palace

terça-feira, 28 de maio de 2013

Let's beat the heat, let's go to Shimla

Shimla - capital do estado indiano Himachal Pradesh, no norte da Índia.

Esta cidade é um pouco diferente dos sítios que tenho visitado. Desenhada pelo arquitecto francês Le Corbusier, apresenta imensas características das cidades europeias. Abrigada no sopé dos Himalaias e apresentando temperaturas bem mais agradáveis, esta cidade é óptima para fugir do ambiente caótico e poluído de Deli.

Em 1864 foi declarada capital de verão da "British India". Depois da independência da Índia, foi então declarada capital do estado do Punjab.

Aqui é possível assistir a episódios que julgamos terem caído completamente em desuso (ou que nunca existiram!)... O transporte de bilhas de gás, frigoríficos, malas de viagem, é feito por homens. Li num artigo de jornal que estas pessoas ficam de tal forma habituadas a ter tamanhos pesos nas costas que, sem este contra-peso, já não conseguem caminhar direito!



Como não poderia deixar de ser, a religião está sempre presente onde quer que caminhemos na Índia. Aqui não é excepção. Subindo 2Km de montanha, há uma estátua do deus-macaco do hinduísmo - Hanuman. (Devo dizer que a caminhada até lá acima não foi fácil mas, segundo as directrizes presentes numa placa, encontro-me no estado "Absolutely fit", eheh.) E, para completar o cenário, o que não faltam por lá são macacos! E ainda por cima ladrões... Roubam tudo o que puderem aos visitantes.

Neste templo, Jakhu Temple, fui abençoada por um "padre". Descalcei os sapatos, entrei no templo, fiz a oferenda ao "padre" e, em troca, fez-me uma prece, marcou-me a testa com tinta cor-de-laranja, deu-me de beber água abençoada e ainda me ofereceu uns doces sagrados (pequenas bolinhas brancas de açúcar) - doces esses que me foram roubados por um macaco! Espero que o facto de comer doces sagrados o perdoem de roubar objectos às pessoas...


Fomos ainda visitar o Viceregal Lodge, actualmente o "Indian Institute of Advanced Studies", onde, antigamente, era a casa de férias do vice-rei britânico da Índia. A sua construção data de 1888 e são bem visíveis os traços britânicos, desenhados pelo arquitecto britânico Henry Irwin. Diz-se que a mesa onde foi feita a Partição da Índia consta agora neste palácio. Esta partição conduziu à criação, em 14 e 15 de Agosto de 1947, de dois estados soberanos: Índia e Paquistão. Foi aceite por ambos os líderes políticos da altura: Muhammad Ali Jinnah, líder da Liga Muçulmana; e Jawaharlal Nehru, líder do Congresso Nacional Indiano.
Depois da independência da Índia, este edifício passou a ter o nome de Rashtrapati Niwas, e era usado como um retiro de verão pelo presidente indiano. No entanto, devido à sua negligência, o então presidente, Sarvepalli Radhakrishnan, decidiu, em 1964, transformá-lo num centro de estudos avançados.


A caminho de Deli, fizemos ainda uma paragem em Chandigarh: capital dos estados de Punjab e Haryana. Se já tinha achado Shimla com traços europeus, então nesta cidade senti-me completamente numa cidade europeia! Com uma enorme praça cheia de lojas, as estradas limpas e organizadas, juntamente com umas meninas a venderem um poster do Cristiano Ronaldo, poderia mesmo dizer que estava em Lisboa. Apesar de todo este feeling, rapidamente desci à terra porque todas estas características vêm acompanhadas do calor que, aqui, já se faz sentir sobremaneira. O facto de caminharmos cada vez mais para sul agrava toda este problema de termómetros. 


Depois de deixar esta cidade, conduzi pela primeira vez um carro com o volante no lado direito! A tendência, como não poderia deixar de ser, foi de usar a mão direita para mudar as mudanças assim como para ligar os "piscas". Resultado: estava constantemente a bater com a mão na janela e a ligar os pára-brisas!

domingo, 12 de maio de 2013

3 meses na Índia

3 meses na Índia e a sensação de que o tempo passa a correr mantém-se...

Entre aventuras e desventuras, continua sempre a haver algo novo para ver nesta cidade.

Este fim-de-semana fui até ao INA Market - The Indian National Army Market - e até ao Dilli Haat.

No INA Market, como em quase todos os mercados de Nova Deli, podemos encontrar de tudo um pouco. Aqui, até peixe podemos encontrar (embora a qualidade deixe muito a desejar...). É impossível ficar indiferente ao cheiro quando entramos na parte do mercado onde se vende carne e peixe... Entre mil e uma moscas, carne com aspecto horrível e peixes com olhos de quem está ali há séculos, a vontade de comprar qualquer um destes alimentos é rapidamente perdida!



Visto o mercado, siga para um outro, um pouco diferente: Dilli Haat. O facto de ser cobrada uma entrada de 20 Rupias, parecendo que não, altera o congestionamento do local. É um sítio calmo e onde se pode encontrar comida e artesanato de diferentes estados da Índia. Também aqui existem várias esplanadas, o que permite sentir os ares europeus. 
Por entre barracas e barraquinhas, digo que volto mais tarde para comprar o produto em questão - "Promise??", dizem eles com um sorriso aberto, "Of course", respondo eu como que em jeito de simpatia.


Ontem à noite assisti a um "espectáculo" que nunca irei esquecer na minha vida. Estávamos sentados na relva, a conversar, quando aparece um senhor com dois macaquinhos presos por uma trela. Nisto, começa a citar uma espécie de história onde dois macaquinhos se encontram, casam, bebem uns copos e, ao mesmo tempo que ele contava a história, os macaquinhos iam representando como que em jeito de teatro. No fim, e totalmente merecedor, vêm pedir dinheiro pela sua espantosa representação. Sentados ao pé de nós, esticam a mãozinha, et voilà!, recebem o almejado dinheiro. Um aperto de mão e o assunto está encerrado (É uma sensação tão estranha... Têm umas mãozinhas tão pequeninas mas com uma textura tão semelhante à mão humana!). É incrível como qualquer animal, desde que ensinado, consegue responder às palavras do seu dono.


Para terminar o fim-de-semana, fizemos um piquenique no mesmo sítio onde ontem vimos os macaquinhos: Rajpath, ao pé do arco do triunfo cá do sítio, India Gate. Mais uma vez, deliciei-me com a adorável companhia dos macaquinhos. Perguntei o preço de um macaco bebé, custa sensivelmente 30€... Estou seriamente a pensar na hipótese de levar um comigo para Portugal! Mãe, are you ready? Eheh

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Rishikesh + Haridwar

O fim-de-semana que passou fui respirar novos ares até Rishikesh. Devo dizer que os ares vindos dos Himalaias só me deixaram vontade de lá voltar!

A aventura começou às 23:00 de sexta-feira, 26 de Abril. Feitas as reservas on-line para a viagem até Rishikesh, entramos no autocarro e os bancos nem numerados estão. A tentativa de modernizar todo este sistema de viagens, via on-line, é demasiado sofisticada para a mentalidade indiana. Meia dúzia de palavras e a coisa lá se resolveu.
Com algumas paragens pelo meio, chegámos a Rishikesh às 6 da manhã. Se em Deli fazia uma festa cada vez que via uma vaca, aqui estava constantemente em modo festivaleiro! São as donas da cidades, juntamente com os macaquinhos.


Sábado de manhãzinha, depois de escolhermos em que praia iríamos pernoitar, fomos fazer Rafting. Que experiência! Começando em Shivpuri e terminando em Muni Ki Reti, entre correntes mais fortes, mergulhos e relax, lá descemos 16Km do rio Ganges. O rio Ganges é um dos símbolos mais sagrados da Índia sendo, por isso, um forte atracção turística e local
. Como esta cidade está próxima da nascente, o rio é super limpo (e gelado: quando mergulhei a primeira vez até os ossos sentiram!!). Estava também à espera de sentir aquele sabor a sal na boca mas, pelo contrário, a água é "doce"! Diria mesmo que pode ser engarrafada e bebida directamente.
No meio de toda esta aventura, ia perdendo os meus chinelos quando, numa das "rápidas" (correntes mais fortes), não consegui resistir à gravidade e caí no rio. Rapidamente eles flutuaram e voltaram ao sítio "where they belong" - que alívio (gosto mesmo dos chinelos)! Para me esquecer que os ia perdendo, uma boa injecção de adrenalina é a melhor solução: cliff jump. Saltei de um penhasco de 6/7 metros de altura: uooohhh!


Depois do almoço e de uma sesta, segue-se uma caminha pela montanha para ver umas cascatas: Neer Garh Waterfall. Foi uma tarefa difícil dado o cansaço acumulado ao longo do dia mas, com o apoio psicológico de todos, lá chegámos à cascata final! Em jeito de celebração, toca a "tomar banho" debaixo desta água tão límpida e beber um chá quentinho, yeeeyy!



O Domingo foi aproveitado para visitar a pequena cidade de Rishikesh: por entre ashrams, lojinhas e restaurantes, andámos quilómetros! O objectivo primordial era ver o Ashram onde estiveram os Beatles durante um retiro espiritual na década de 60 - Maharishi Mahesh Yogi Ashram. Aparentemente foi aqui que compuseram grande parte do "The White Album". É uma pena que não aproveitem toda a mística que o Ashram envolve e este esteja em ruínas...

Feita a visita a Rishikesh e depois de um almoço fantástico num café bem relaxante com vista para o rio, é hora de partir. Antes de irmos para Nova Deli, ainda parámos numa cidade chamada Haridwar.  É uma das sete cidades mais sagradas da religião Hindu e uma das quatro cidades onde se diz que gotas de Amrit, o elixir da imortalidade, acidentalmente caíram no rio Ganges enquanto estavam a ser transportadas pelo pássaro celestial GarudaPor este motivo, e segundo as crenças do Hinduísmo, a água do Ganges é a Ganga Maaa mãe que acolhe, perdoa os pecados de todos os dias e purifica. Os peregrinos compram "barquinhos" cheios de flores e velas acesas e põem-nos a navegar no rio. Depois colocam 3 gotas de água na boca e mergulham.
Uma tradição também frequente entre os praticante da religião Hindu é a celebração do "Mundan". O Mundan é realizado durante o primeiro ou terceiro ano de vida das crianças hindus (em algumas regiões, é feito apenas em rapazes). Diferentes pessoas têm diferentes crenças sobre o esta prática. Algumas pessoas consideram que os primeiros cabelos são impuros e simbolizam a negatividade da vida passada da criança. O principal objectivo desta cerimónia é para proteger o bebé: libertação do passado e purificação da alma para a vida futura. No fim do acto, o cabelo é simbolicamente oferecido ao rio sagrado.




E hoje, ao final de quase 3 meses, mudei de casa! 

It's the beginning of a new life...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Viva a liberdade!

O calor começa a tornar-se um assunto sério mas, ainda assim, os dias correm da melhor forma (ainda que mil vezes mais cansativos)...

Tive oportunidade de ir a um meeting de conselheiros económicos na delegação da União Europeia em Nova Deli. Senti que posso, realmente, pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da minha formação académica - awesome!


A semana passada foi a semana do Navratra: um festival dedicado à divindade hindu "Durga". A palavra Navratra significa 9 noites, sendo realizada a celebração deste festival precisamente durante 10 dias e 9 noites. O último dia é chamado de Dusshera e é considerado feriado nacional (este ano  calhou a 19 de Abril). Durante o festival são adoradas nove formas de Shakti (energia cósmica).

Ontem foi mais um feriado indiano, Mahavir Jayanti (o feriado mais importante de uma das religiões mais antigas da Índia - Jainismo), e aproveitei para me armar em turista, novamente! Confesso que já tinha saudades...
Desta vez fui até ao Garden of Five Senses = "Jardim dos sinco sentimentos" (à entrada, tem a o nome do jardim traduzido em várias línguas e, em português, aparece assim. Questiono-me quem terá feito esta esplêndida tradução...). Este jardim procura apelar aos cinco sentidos mas, na verdade, acho que apela apenas ao sentido táctil! Em cada canto existe um casal de namorados e, por vezes, desinibidos de qualquer preconceito...

 Depois desta caminhada em redor dos cinco sentidos, fui até Chattarpur ver uma "colecção" de templos. É algo majestoso! Sair de um templo, entrar noutro (largar os sapatos à entrada, sempre), andei quilómetros! Este complexo foi feito em honra dos préstimos de Saint Shree Durga- Charan-anuragi Baba Sant Nagpal, que, dada a sua humildade, nunca permitiu que os seus fiéis fizessem qualquer homenagem à sua pessoa.



Hoje, feriado também para mim porque trabalho em território português (eheheh), fiz um piercing no nariz! Já andava a pensar nisso ainda em Portugal e, já que estou na Índia, porque não aproveitar? É o sítio ideal: quase todas as mulheres têm um (o que me levou a pensar que não é assim tão doloroso) e é super barato (350INR = 5€)!



Viva a liberdade!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Dois meses na Índia

2 meses já! se passaram e a vida pacata cá continua pelas ruas de Nova Deli.

Apesar de já estar a ficar habituada às peripécias anormais da Índia, um dia destes não pude conter o meu entusiasmo ao ver um animal "novo": um elefante!! Pela estrada fora, lá ia ele a ser conduzido por dois indianos bem no topo da "montanha". Hilariante! Eheh

O calor já se começa a fazer sentir: pela manhã e ao final da noite estão cerca de 30ºC! Bem me passa pela cabeça ir até à praia mas, em Nova Deli, só mesmo em sonhos... Mas bom, temos piscinas, que é melhor do que nada! No domingo fui precisamente até a uma "Pool party". Comer e beber até não poder mais e, como que em jeito de vedeta, tive direito a foto no "The Times of India". VIP, hm? Ahah



Para não ficar desabituada das peripécias indianas, num destes dias quando voltava para casa no habitual autorickshaw, o condutor pára ao pé de um peão à beira da estrada e pergunta-lhe para onde ele vai. Por coincidência, ia também para Defence Colony, pelo que o condutor me perguntou se me importava que ele fosse também e fazia-me um desconto de 10 Rupias! Posto isto, fui estrada fora acompanhada por um trabalhador da embaixada americana e o condutor ficou de barriga cheia com o dobro do dinheiro pela mesma viagem - os indianos e a sua sede incrível de dinheiro...



E, como andava tudo tão calminho, no mesmo dia estava descansada da vida a preparar o almoço para o dia seguinte quando, vindo algures do tecto, oiço um pequeno barulho tipo curto circuito e a ventoinha desliga-se. (Por cá, volta e meia a electricidade vai abaixo, pensei que fosse algo relacionado com isso.) Continuo de volta do meu almoço quando, de repente, cai a ventoinha do tecto! Fiquei incrédula a olhar para tamanho objecto no chão... O Kav apareceu: "What was that?? I thought it was an explosion!". Eu só conseguia rir-me! Depois disto, e tendo em conta que no minuto anterior tinha estado debaixo da ventoinha, quase arrisco dizer que aqui não morrerei!

domingo, 31 de março de 2013

Turismo em Deli - take 2

Only in India - take 625151: Um destes dias acordo de manhã e, como de costume, vou tomar o meu pequeno almoço para o terraço. Desta vez tinha um intruso: o professor das classes de ioga a dormir no banco! Fantástico, não? Mesmo para começar o dia da melhor maneira. Perguntei-lhe se havia aulas de yoga hoje, responde-me que não, mas que falou com a dona do apartamento e de vez em quando vem para aqui dormir a sesta! Seriously? Incredible India, indeed! Ahah

Na sexta-feira choveu em Nova Deli. Felizmente, foi uma chuva tropical que não durou mais do que uma hora! Depois disso, o Sol voltou, e ao fim da tarde foi como se a chuva nem tivesse aparecido. Como não sabia que a chuva era desta natureza, resolvi ir a um centro comercial em Vasant Kunj. Devo dizer que parecia que estava numa cidade europeia. O centro comercial é tão bom ou melhor que os nossos, e está protegido com polícias armados! É dividido em três blocos, consoante a "qualidade" das lojas presentes. O bloco mais posh tem uma entrada tipo hotel: os carros entram numa mini rotunda e deixam suas majestades à porta, bem ao lado da "Louis Vuitton" e da "Dior". 


Ontem foi mais um dia turístico. Desta vez fui até ao Red Fort - tem este nome precisamente por causa da sua arquitectura bem vermelha. A sua construção data de 1639, tendo sido finalizada apenas cerca de 9 anos depois. Dentro dos 2,4 Km de parede que envolvem este complexo, existiam 11 palácios (mahals). Entre eles, destaco o Diwan-i-Am (hall de audiências públicas), lugar onde Shah Jahan (imperador Mugal) recebia o público e ouvia as suas queixas.


Diwan-i-Am
Depois deste, segui viagem até à Jama Masjid, a principal mesquita da Índia. Quando cheguei estavam na hora da reza, pelo que tive que esperar 15min para tentar entrar. Cobravam 300 Rupias (4,30€) de entrada - fiquei incrédula, ainda para mais quando é cobrada entrada aos turistas... Posto isto, decidi não alimentar esta exploração. De qualquer forma, deu para perceber que se trata de uma enorme praça com a mesquita lá dentro, onde toda a gente anda descalça (como, de resto, seria de esperar).






Como já se fazia tarde, fui pela "Velha Deli" adentro até à paragem de metro mais próxima. Posso dizer que cruzei o verdadeiro coração indiano, por entre ruas e ruelas onde todo o buraco serve para ter uma loja! Ou uma pequena mesquita! Ou um curral! Ou o que quer que seja.
Independentemente de toda a sujidade que pairava no ar, os cozinhados são constantes ao longo das ruas, assim como a venda de alimentos. A prática de actividades como barbearia também é uma realidade contínua, assim como a de trabalho manuais tipo ferragem. Posso mesmo dizer que aqui estamos num "centro comercial" ao ar livre, onde se encontra de tudo um pouco, ainda que a qualidade possa não ser a mais desejada! Welcome to the real deep rural side of India. 


quinta-feira, 28 de março de 2013

Pleasant days passing by

E os dias vão passando a uma velocidade incrível... 
... e gosto pela cidade vai aumentando a uma velocidade íncrivel!

A semana passada conseguimos, eu e o Kav, ganhar a confiança de um condutor de um autorickshaw - começou a  esperar por nós todas as manhãs para nos levar às respectivas embaixadas (até ao dia em que fomos mais preguiçosos e nos atrasámos de manhã - lá se foi o nosso condutor).

O fim-de-semana passado foi de puro relax... Sábado tive oportunidade de reforçar o organismo com um almoço tipicamente português: cozido à portuguesa! E para fechar o dia da melhor maneira, tarde na piscina... Ao fim de uma semana de trabalho, soube que nem ginjas... :)

Ontem foi feriado na Índia: feriado Holi. É um feriado religioso conhecido pela sua hilariante celebração com uma imensidão de cores a pairar pelas ruas: welcome to the colourful festival of Holi! :) É, basicamente, um festival de boas-vindas à primavera (para mim é boas-vindas ao verão na sua versão XXL), sendo também uma forma de celebrar as boas colheitas e a fertilidade das terras.
Para celebrar o feriado, fomos até Hauz Khas Village. Para além do pretexto de atirar pó colorido a toda a gente, foi uma boa ocasião para conhecer mais pessoas - resta saber se as reconhecerei depois do valente banho necessário para retirar todas as cores presentes no corpo!



''Under the tutelage of Krishna, each person plays and for the moment may experience the role of the opposite," 
McKim Marriott em 'Holi in Krishangarhi' 


Hoje de manhã fui visitar o mausoléu mogol mais antigo de Deli: Humayan's Tomb (precursor do Taj Mahal). Foi construído por um arquitecto persa, a pedido da viúva de Humayun, no século XVI. É considerado património mundial Unesco desde 1993
E porque nós, portugueses, estamos espalhados all over the world, aqui encontrei mais duas portuguesas: "Portuguesas??", "Ahahah, sim!". Em jeito de ironia, deu para praticar a língua portuguesa, não vá eu esquecer-me (já que hoje tive folga da embaixada).

Da parte da tarde fui também a uma "antiguidade" aqui de Deli: Purana Qila. É o forte mais antigo da cidade e até 1913 deu lugar a uma pequena aldeia chamada Indrapat. Acredita-se que a reconstrução deste forte foi da autoria do rei afegão Sher Shah Suri e finalizada pelo seu filho Humayan (cujo túmulo visitei hoje de manhã). Se não fossem todas as atrocidades subjacentes à época em questão, acredito que seria bastante agradável viver em comunidade num sítio como este. ;)




domingo, 17 de março de 2013

Luck, Light, Love, Life

Com o decorrer da semana de trabalho, e com a rotina casa-trabalho-casa, não existe muito tempo para o apetecível "sightseeing". Uma vez que (já!) estou em Nova Deli há 1 mês e 6 dias, também as peripécias primordiais começaram a tornar-se banais. Contudo, os fins-de-semana são sagrados e servem mesmo para ver e conhecer mais!


Sábado e Domingo de manhã tenho o meu querido vendedor ambulante de frutas e vegetais que independentemente do que quer que eu peça, cobra-me sempre 40 INR = 0,60€. E se não tiver troco para me dar, dá-me mais uma tangerina! 
Um dia falei-lhe que compraria uma papaia quando me sentisse preparada para gostar da fruta. Agora não fica descansado enquanto não me vender o raio da papaia! "Papaia? 30 Rupees!" "No, sir. Next time." 
Esta vida rural é fascinante. :))



Ontem, e porque tinha uma certa curiosidade em experimentar o metro de Nova Deli, comecei o meu dia turístico com este meio de transporte. De Lajpat Nagar até Patel Chowk, a viagem nem parecia feita na Índia. O metro é bastante moderno (11 anos) e limpo, pelo que a experiência, se surpreendente, foi só no sentido de ser bastante parecida com uma viagem de metro ocidental. O primeiro pronto turístico foi um templo sikh, enorme e muito concorrido por esta comunidade: Gurudwara Bangla Sahib. Para andar no "recinto" é preciso tirar os sapatos e lavar os pés antes de entrar, assim como tapar o cabelo com um lenço. Dadas as construções que a mesquita apresenta, toda a beleza desta foi distorcida...

Depois desta curta visita, visitámos um templo hindu: Lakshmi Narayan Mandir. Como qualquer templo, transmite uma sensação de calma e relaxe única. Recebi uns doces sagrados, que se parecem com os nossos 'suspiros', mas apresentam-se na forma de pequenas bolinhas de açúcar. Aprendi o significado de um dos símbolos desta religião, a cruz suástica. Este símbolo reporta-nos para a cultura e religião hindu, sendo que cada um dos quatro "L" nele desenhados significam: Luck, Light, Love, LifeÉ usado pelo Deus hindu da sorte, Ganesh. [Difere da suástica Nazi porque é o inverso desta.]


Ainda houve tempo para ver mais um túmulo: Safdarjung Tomb. Bonito e calmo, com poucas pessoas, é quase tido como mais um dos retiros da vida caótica das ruas de Nova Deli.



Daqui, fizemo-nos à estrada e caminhámos até ao Nehru Park para assistir ao segundo dia do 3º Festival Internacional de Jazz em Nova Deli. Com uma companhia excelente, e actuações bastante boas e surpreendentes, posso dizer que não havia melhor maneira de acabar o dia. 



Hoje o dia foi mais calminho. Tentámos ir ver mais um templo, mas estava de tal maneira sobre-lotado que concordámos voltar num outro dia. Parece que estes templos mais famosos tendem a encher, especialmente no fim-de-semana, mais especificamente, ao Domingo (acaba por ser um pouco como Portugal, onde as pessoas guardam este dia para dedicarem mais parte do seu tempo à vida religiosa).