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domingo, 31 de março de 2013

Turismo em Deli - take 2

Only in India - take 625151: Um destes dias acordo de manhã e, como de costume, vou tomar o meu pequeno almoço para o terraço. Desta vez tinha um intruso: o professor das classes de ioga a dormir no banco! Fantástico, não? Mesmo para começar o dia da melhor maneira. Perguntei-lhe se havia aulas de yoga hoje, responde-me que não, mas que falou com a dona do apartamento e de vez em quando vem para aqui dormir a sesta! Seriously? Incredible India, indeed! Ahah

Na sexta-feira choveu em Nova Deli. Felizmente, foi uma chuva tropical que não durou mais do que uma hora! Depois disso, o Sol voltou, e ao fim da tarde foi como se a chuva nem tivesse aparecido. Como não sabia que a chuva era desta natureza, resolvi ir a um centro comercial em Vasant Kunj. Devo dizer que parecia que estava numa cidade europeia. O centro comercial é tão bom ou melhor que os nossos, e está protegido com polícias armados! É dividido em três blocos, consoante a "qualidade" das lojas presentes. O bloco mais posh tem uma entrada tipo hotel: os carros entram numa mini rotunda e deixam suas majestades à porta, bem ao lado da "Louis Vuitton" e da "Dior". 


Ontem foi mais um dia turístico. Desta vez fui até ao Red Fort - tem este nome precisamente por causa da sua arquitectura bem vermelha. A sua construção data de 1639, tendo sido finalizada apenas cerca de 9 anos depois. Dentro dos 2,4 Km de parede que envolvem este complexo, existiam 11 palácios (mahals). Entre eles, destaco o Diwan-i-Am (hall de audiências públicas), lugar onde Shah Jahan (imperador Mugal) recebia o público e ouvia as suas queixas.


Diwan-i-Am
Depois deste, segui viagem até à Jama Masjid, a principal mesquita da Índia. Quando cheguei estavam na hora da reza, pelo que tive que esperar 15min para tentar entrar. Cobravam 300 Rupias (4,30€) de entrada - fiquei incrédula, ainda para mais quando é cobrada entrada aos turistas... Posto isto, decidi não alimentar esta exploração. De qualquer forma, deu para perceber que se trata de uma enorme praça com a mesquita lá dentro, onde toda a gente anda descalça (como, de resto, seria de esperar).






Como já se fazia tarde, fui pela "Velha Deli" adentro até à paragem de metro mais próxima. Posso dizer que cruzei o verdadeiro coração indiano, por entre ruas e ruelas onde todo o buraco serve para ter uma loja! Ou uma pequena mesquita! Ou um curral! Ou o que quer que seja.
Independentemente de toda a sujidade que pairava no ar, os cozinhados são constantes ao longo das ruas, assim como a venda de alimentos. A prática de actividades como barbearia também é uma realidade contínua, assim como a de trabalho manuais tipo ferragem. Posso mesmo dizer que aqui estamos num "centro comercial" ao ar livre, onde se encontra de tudo um pouco, ainda que a qualidade possa não ser a mais desejada! Welcome to the real deep rural side of India. 


quinta-feira, 28 de março de 2013

Pleasant days passing by

E os dias vão passando a uma velocidade incrível... 
... e gosto pela cidade vai aumentando a uma velocidade íncrivel!

A semana passada conseguimos, eu e o Kav, ganhar a confiança de um condutor de um autorickshaw - começou a  esperar por nós todas as manhãs para nos levar às respectivas embaixadas (até ao dia em que fomos mais preguiçosos e nos atrasámos de manhã - lá se foi o nosso condutor).

O fim-de-semana passado foi de puro relax... Sábado tive oportunidade de reforçar o organismo com um almoço tipicamente português: cozido à portuguesa! E para fechar o dia da melhor maneira, tarde na piscina... Ao fim de uma semana de trabalho, soube que nem ginjas... :)

Ontem foi feriado na Índia: feriado Holi. É um feriado religioso conhecido pela sua hilariante celebração com uma imensidão de cores a pairar pelas ruas: welcome to the colourful festival of Holi! :) É, basicamente, um festival de boas-vindas à primavera (para mim é boas-vindas ao verão na sua versão XXL), sendo também uma forma de celebrar as boas colheitas e a fertilidade das terras.
Para celebrar o feriado, fomos até Hauz Khas Village. Para além do pretexto de atirar pó colorido a toda a gente, foi uma boa ocasião para conhecer mais pessoas - resta saber se as reconhecerei depois do valente banho necessário para retirar todas as cores presentes no corpo!



''Under the tutelage of Krishna, each person plays and for the moment may experience the role of the opposite," 
McKim Marriott em 'Holi in Krishangarhi' 


Hoje de manhã fui visitar o mausoléu mogol mais antigo de Deli: Humayan's Tomb (precursor do Taj Mahal). Foi construído por um arquitecto persa, a pedido da viúva de Humayun, no século XVI. É considerado património mundial Unesco desde 1993
E porque nós, portugueses, estamos espalhados all over the world, aqui encontrei mais duas portuguesas: "Portuguesas??", "Ahahah, sim!". Em jeito de ironia, deu para praticar a língua portuguesa, não vá eu esquecer-me (já que hoje tive folga da embaixada).

Da parte da tarde fui também a uma "antiguidade" aqui de Deli: Purana Qila. É o forte mais antigo da cidade e até 1913 deu lugar a uma pequena aldeia chamada Indrapat. Acredita-se que a reconstrução deste forte foi da autoria do rei afegão Sher Shah Suri e finalizada pelo seu filho Humayan (cujo túmulo visitei hoje de manhã). Se não fossem todas as atrocidades subjacentes à época em questão, acredito que seria bastante agradável viver em comunidade num sítio como este. ;)




domingo, 17 de março de 2013

Luck, Light, Love, Life

Com o decorrer da semana de trabalho, e com a rotina casa-trabalho-casa, não existe muito tempo para o apetecível "sightseeing". Uma vez que (já!) estou em Nova Deli há 1 mês e 6 dias, também as peripécias primordiais começaram a tornar-se banais. Contudo, os fins-de-semana são sagrados e servem mesmo para ver e conhecer mais!


Sábado e Domingo de manhã tenho o meu querido vendedor ambulante de frutas e vegetais que independentemente do que quer que eu peça, cobra-me sempre 40 INR = 0,60€. E se não tiver troco para me dar, dá-me mais uma tangerina! 
Um dia falei-lhe que compraria uma papaia quando me sentisse preparada para gostar da fruta. Agora não fica descansado enquanto não me vender o raio da papaia! "Papaia? 30 Rupees!" "No, sir. Next time." 
Esta vida rural é fascinante. :))



Ontem, e porque tinha uma certa curiosidade em experimentar o metro de Nova Deli, comecei o meu dia turístico com este meio de transporte. De Lajpat Nagar até Patel Chowk, a viagem nem parecia feita na Índia. O metro é bastante moderno (11 anos) e limpo, pelo que a experiência, se surpreendente, foi só no sentido de ser bastante parecida com uma viagem de metro ocidental. O primeiro pronto turístico foi um templo sikh, enorme e muito concorrido por esta comunidade: Gurudwara Bangla Sahib. Para andar no "recinto" é preciso tirar os sapatos e lavar os pés antes de entrar, assim como tapar o cabelo com um lenço. Dadas as construções que a mesquita apresenta, toda a beleza desta foi distorcida...

Depois desta curta visita, visitámos um templo hindu: Lakshmi Narayan Mandir. Como qualquer templo, transmite uma sensação de calma e relaxe única. Recebi uns doces sagrados, que se parecem com os nossos 'suspiros', mas apresentam-se na forma de pequenas bolinhas de açúcar. Aprendi o significado de um dos símbolos desta religião, a cruz suástica. Este símbolo reporta-nos para a cultura e religião hindu, sendo que cada um dos quatro "L" nele desenhados significam: Luck, Light, Love, LifeÉ usado pelo Deus hindu da sorte, Ganesh. [Difere da suástica Nazi porque é o inverso desta.]


Ainda houve tempo para ver mais um túmulo: Safdarjung Tomb. Bonito e calmo, com poucas pessoas, é quase tido como mais um dos retiros da vida caótica das ruas de Nova Deli.



Daqui, fizemo-nos à estrada e caminhámos até ao Nehru Park para assistir ao segundo dia do 3º Festival Internacional de Jazz em Nova Deli. Com uma companhia excelente, e actuações bastante boas e surpreendentes, posso dizer que não havia melhor maneira de acabar o dia. 



Hoje o dia foi mais calminho. Tentámos ir ver mais um templo, mas estava de tal maneira sobre-lotado que concordámos voltar num outro dia. Parece que estes templos mais famosos tendem a encher, especialmente no fim-de-semana, mais especificamente, ao Domingo (acaba por ser um pouco como Portugal, onde as pessoas guardam este dia para dedicarem mais parte do seu tempo à vida religiosa).  

domingo, 10 de março de 2013

Turismo em Deli

Já que tive direito a dois dias off, aproveitei para ser turista e conhecer novas maravilhas em Nova Deli.

O lugar de eleição de quinta-feira foi o Lotus Temple, ou a Casa de Adoração Bahá'í. Estes templos pertencem à Fé Bahá'i - uma religião mundial independente - e têm a particularidade de não excluir ninguém à sua entrada: qualquer pessoa de qualquer raça e religião é convidada a entrar. O templo em Nova Deli é inspirado na flor de lótus, símbolo de pureza que está fortemente ligado à adoração e religião na Índia. À volta do templo existem nove tanques de água que servem para manter o lugar fresco. Não sei se é por sugestão, ou não, mas o que é certo é que o lugar é bem fresquinho e é possível sentir uma calma e uma isolação fantástica - sou só eu e as minhas reflexões.
A característica comum dos já construídos sete templos all over the world é o facto de todos possuírem nove entradas: porque, dizem, o dígito nove simboliza o todo, a unicidade e a unidade. Da mesma forma, os sete templos Bahá'ís possuem apenas uma sala ampla e os assentos do auditório são voltados para o Santuário de Bahá'u'lláh em Akka, Israel

Na viagem de volta para casa, quando o autorickshaw parou no semáforo, não vieram as habituais crianças pedir dinheiro, mas antes uma hijra! Hijras é uma comunidade de homens travestis que vestem saris. Que cena mais caricata. Nesta situação em particular, senti-me bem por não ser homem!

Sexta-feira foi dia de respirar ares mais puros no Lodi Garden. É incrível como ao simplesmente entrar num parque mesmo ao lado da estrada principal se consegue sentir a diferença na qualidade do ar, quer a nível da poluição deste per si, quer a nível da poluição sonora. O organismo agradece e a forma física também, uma vez que este parque é enorme e a vontade de ver todos os seus monumentos é superior à vontade de ficar sentada na relva, a aproveitar o (ainda não muito forte) Sol. 


Todo este passeio torna-se ainda mais agradável devido à incansável companhia de mil e uma espécie de passáros; dos esquilos a correrem atrás uns dos outros, como que a brincar ao "toca e foge"; dos papagaios que, apesar de não falarem, são gulosos e andam sempre de volta da comida; dos corvos com o seu ar altivo; dos gansos a nadarem no lago. 


Ontem, e apesar de não termos a chave, passámos pela India Gate. Fez-me lembrar o túmulo do soldado desconhecido, na Polónia, uma vez que, aqui, também existe uma chama permanente Amar Jawan Jyoti -, em memória dos soldados desconhecidos mortos na guerra entre a Índia e o Paquistão, em 1971. Ao longo das paredes deste "arco do triunfo" estão inscritos os nomes dos 85 000 combatentes mortos na Segunda Guerra Mundial e nas Guerras Afegãs. Bem no topo da "porta" podemos ler:


"To the dead of the Indian armies who fell honoured in France and Flanders Mesopotamia and Persia East Africa Gallipoli and elsewhere in the near and the far-east and in sacred memory also of those whose names are recorded and who fell in India or the north-west frontier and during the Third Afghan war."
Nesta zona é possível ver imensos turistas mas também locais. Passámos por algumas excursões de crianças da escola primária que, como já começa a ser hábito, fixam o olhar sobre nós como se fossemos um ser de outro mundo. Deixou de ser incómodo quando, com aquele ar tímido e meigo, nos dizem alegremente "Hi!!!", esperando a então dada resposta "Hello!!". :))


Daqui, partimos pelo Rajpath em direcção à casa do presidente da Índia - Vossa Excelência Pranab Mukherjee. Este edifício é conhecido como Rashtrapati Bhavan, que significa "Casa do Presidente" em hindi. Ao chegarmos a esta zona, parece que entramos numa cidade europeia, dado o estilo ocidental presente nas construções aqui localizadas. Estas remontam à época colonial, tendo sido projectadas pelo arquitecto britânico Edwin Lutyens.
Rajpath
Estávamos prestes a chegar em frente ao portão quando um dos polícias nos diz que temos que nos afastar para trás uma vez que "the president will arrive now". Assim, e sem querer, assisti à aparatosa chegada do senhor presidente (ainda que só tivesse visto os carros a entrar!).


Hoje fui conhecer mais uma nova parte da cidade: Hauz Khas Village. Um sítio um pouco diferente. É uma zona bem conhecida pelo seu estilo alternativo. Ao andar nas ruas, parece que estamos num sítio fechado, tal é a dimensão e proximidade dos prédios. Por este motivo, estas ruas são super fresquinhas, pelo que sabe mesmo bem o passeio - sim, aqui tem estado 30ºC!
Neste sítio tem também um parque, com um lago gigante, onde vivem os animais das nossas histórias encantadas: veados (mil!), pavões, esquilos (claro).

                                

quarta-feira, 6 de março de 2013

Diplomacia económica


A visita oficial de S. Exa. o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, à Índia correu dentro da normalidade. Tive hipótese de assistir a várias conferências de cariz económico que considero enriquecedoras para o meu crescimento quer pessoal, quer profissional. 
No âmbito desta visita, gostaria de destacar algumas palavras citadas pelo Dr. Paulo Portas, referindo-se ao potencial da Índia como mercado:
  • «Os mercados tradicionais portugueses estão em estagnação ou em recessão e, como as empresas sabem bem melhor, o sítio para vender é onde há dinheiro para comprar. As coisas melhorarão certamente na Europa, mas os mercados europeus, que são muito importantes, estão muito estagnados ou muito recessivos e, pelo contrário, os mercados emergentes não são paraísos à chegada, mas eu queria que soubessem que o meu primeiro apelo é que estamos focados para conseguir contactos».
Referiu também que Portugal exporta 110 milhões de euros para a Índia, no conjunto dos bens e dos serviços, e importa cerca de 500 milhões de euros:
  • «Isto avaliado, em si mesmo, quer dizer que alguma coisa não está a ser bem feita. Avaliado como potencial, significa que nós podemos crescer imenso nesta relação, se formos persistentes e se soubermos vender aquilo que temos de singular».

Depois da visita do ministro e de todo o trabalho envolvente, dá-se o merecido "descanso dos guerreiros". O tempo é aproveitado para procurar uma casa definitiva, conhecer novos sítios e, mais importante do que qualquer outra coisa, descansar!

Hoje, ao sair mais cedo do trabalho, tomo o meu percurso normal para a busca de um auto-rickshaw que me leve a casa, mas parece que "alguém" se antecipou e tentou roubar-me o auto: um macaco! Não sei quem ficou mais assustado com a presença de um ser estranho: eu ou ele. Olhou para mim e, depois de deixar fugir o transporte, atravessou a estrada como se não fosse nada com ele, virando-me as costas. "Óptimo!" - pensei - "Posso atravessar sem correr o risco de ser roubada, ou atacada, ou o que quer que seja que esta criatura esteja a pensar!". Ao passar por ele, a medo, olhámos um para o outro com o mesmo olhar desconfiado. No meio deste clima de tensão, consegui superar a prova com distinção. Mas, mal sabia eu, ao dobrar esquina mais uns tantos macacos deambulavam pela rua! Embora mais pequeninos, esta aparição de macacos conseguiu desafiar a minha normal capacidade de andar numa rua.

sábado, 2 de março de 2013

18 dias na Índia

Consigo perceber que existem certos factos ocidentais que fazem confusão aos indianos... Entre eles é o facto de comermos com talheres! Num destes dias, enquanto almoçávamos,  um dos funcionários  da embaixada perguntou-me se eu comia com talheres desde sempre ou se, quando era pequenina, comia com  as mãos. Respondi-lhe prontamente que sempre fui ensinada a comer com talheres e que na Europa não comemos com as mãos! Ficou indignado e pediu-me para mostrar como se faz... Rapidamente me perguntou se a faca é sempre na mão direita e o garfo na mão esquerda, ao que lhe respondi que dependia de pessoa para pessoa, não era algo fixo. Imagino a confusão naquela cabeça, eheheh. Por estas bandas, a faca é um utensílio extra, que só serve mesmo para cortar a fruta e pouco mais.


Hoje o dia começou às 10:00, a trabalhar no sítio do costume. A vinda de Sua Excelência o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, traz consigo também trabalho extra. A recompensa foi um almoço bem agradável na embaixada da Itália com direito a um café bem ao estilo português (que bem que soube!).

À vinda para casa passei outra vez por aquele mercado com características bem rurais e cheiros bem vincados. Apesar de toda a poeira que vinha da estrada, é possível assistir à pacata vida que estes indianos levam: desde mulheres e crianças a trabalhar nas obras juntamente com homens; desde o pequeno "salão de beleza" para homens que consiste numa mera cadeira, um espelho fixado na parede e, obviamente, o barbeiro; as mulheres a passarem a ferro com aqueles ferros bem velhinhos, a brasa; e, inclusivamente, é possível constatar que até as vacas se tornam preguiçosas e dormem a sua sesta da tarde!