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terça-feira, 28 de maio de 2013

Let's beat the heat, let's go to Shimla

Shimla - capital do estado indiano Himachal Pradesh, no norte da Índia.

Esta cidade é um pouco diferente dos sítios que tenho visitado. Desenhada pelo arquitecto francês Le Corbusier, apresenta imensas características das cidades europeias. Abrigada no sopé dos Himalaias e apresentando temperaturas bem mais agradáveis, esta cidade é óptima para fugir do ambiente caótico e poluído de Deli.

Em 1864 foi declarada capital de verão da "British India". Depois da independência da Índia, foi então declarada capital do estado do Punjab.

Aqui é possível assistir a episódios que julgamos terem caído completamente em desuso (ou que nunca existiram!)... O transporte de bilhas de gás, frigoríficos, malas de viagem, é feito por homens. Li num artigo de jornal que estas pessoas ficam de tal forma habituadas a ter tamanhos pesos nas costas que, sem este contra-peso, já não conseguem caminhar direito!



Como não poderia deixar de ser, a religião está sempre presente onde quer que caminhemos na Índia. Aqui não é excepção. Subindo 2Km de montanha, há uma estátua do deus-macaco do hinduísmo - Hanuman. (Devo dizer que a caminhada até lá acima não foi fácil mas, segundo as directrizes presentes numa placa, encontro-me no estado "Absolutely fit", eheh.) E, para completar o cenário, o que não faltam por lá são macacos! E ainda por cima ladrões... Roubam tudo o que puderem aos visitantes.

Neste templo, Jakhu Temple, fui abençoada por um "padre". Descalcei os sapatos, entrei no templo, fiz a oferenda ao "padre" e, em troca, fez-me uma prece, marcou-me a testa com tinta cor-de-laranja, deu-me de beber água abençoada e ainda me ofereceu uns doces sagrados (pequenas bolinhas brancas de açúcar) - doces esses que me foram roubados por um macaco! Espero que o facto de comer doces sagrados o perdoem de roubar objectos às pessoas...


Fomos ainda visitar o Viceregal Lodge, actualmente o "Indian Institute of Advanced Studies", onde, antigamente, era a casa de férias do vice-rei britânico da Índia. A sua construção data de 1888 e são bem visíveis os traços britânicos, desenhados pelo arquitecto britânico Henry Irwin. Diz-se que a mesa onde foi feita a Partição da Índia consta agora neste palácio. Esta partição conduziu à criação, em 14 e 15 de Agosto de 1947, de dois estados soberanos: Índia e Paquistão. Foi aceite por ambos os líderes políticos da altura: Muhammad Ali Jinnah, líder da Liga Muçulmana; e Jawaharlal Nehru, líder do Congresso Nacional Indiano.
Depois da independência da Índia, este edifício passou a ter o nome de Rashtrapati Niwas, e era usado como um retiro de verão pelo presidente indiano. No entanto, devido à sua negligência, o então presidente, Sarvepalli Radhakrishnan, decidiu, em 1964, transformá-lo num centro de estudos avançados.


A caminho de Deli, fizemos ainda uma paragem em Chandigarh: capital dos estados de Punjab e Haryana. Se já tinha achado Shimla com traços europeus, então nesta cidade senti-me completamente numa cidade europeia! Com uma enorme praça cheia de lojas, as estradas limpas e organizadas, juntamente com umas meninas a venderem um poster do Cristiano Ronaldo, poderia mesmo dizer que estava em Lisboa. Apesar de todo este feeling, rapidamente desci à terra porque todas estas características vêm acompanhadas do calor que, aqui, já se faz sentir sobremaneira. O facto de caminharmos cada vez mais para sul agrava toda este problema de termómetros. 


Depois de deixar esta cidade, conduzi pela primeira vez um carro com o volante no lado direito! A tendência, como não poderia deixar de ser, foi de usar a mão direita para mudar as mudanças assim como para ligar os "piscas". Resultado: estava constantemente a bater com a mão na janela e a ligar os pára-brisas!

domingo, 12 de maio de 2013

3 meses na Índia

3 meses na Índia e a sensação de que o tempo passa a correr mantém-se...

Entre aventuras e desventuras, continua sempre a haver algo novo para ver nesta cidade.

Este fim-de-semana fui até ao INA Market - The Indian National Army Market - e até ao Dilli Haat.

No INA Market, como em quase todos os mercados de Nova Deli, podemos encontrar de tudo um pouco. Aqui, até peixe podemos encontrar (embora a qualidade deixe muito a desejar...). É impossível ficar indiferente ao cheiro quando entramos na parte do mercado onde se vende carne e peixe... Entre mil e uma moscas, carne com aspecto horrível e peixes com olhos de quem está ali há séculos, a vontade de comprar qualquer um destes alimentos é rapidamente perdida!



Visto o mercado, siga para um outro, um pouco diferente: Dilli Haat. O facto de ser cobrada uma entrada de 20 Rupias, parecendo que não, altera o congestionamento do local. É um sítio calmo e onde se pode encontrar comida e artesanato de diferentes estados da Índia. Também aqui existem várias esplanadas, o que permite sentir os ares europeus. 
Por entre barracas e barraquinhas, digo que volto mais tarde para comprar o produto em questão - "Promise??", dizem eles com um sorriso aberto, "Of course", respondo eu como que em jeito de simpatia.


Ontem à noite assisti a um "espectáculo" que nunca irei esquecer na minha vida. Estávamos sentados na relva, a conversar, quando aparece um senhor com dois macaquinhos presos por uma trela. Nisto, começa a citar uma espécie de história onde dois macaquinhos se encontram, casam, bebem uns copos e, ao mesmo tempo que ele contava a história, os macaquinhos iam representando como que em jeito de teatro. No fim, e totalmente merecedor, vêm pedir dinheiro pela sua espantosa representação. Sentados ao pé de nós, esticam a mãozinha, et voilà!, recebem o almejado dinheiro. Um aperto de mão e o assunto está encerrado (É uma sensação tão estranha... Têm umas mãozinhas tão pequeninas mas com uma textura tão semelhante à mão humana!). É incrível como qualquer animal, desde que ensinado, consegue responder às palavras do seu dono.


Para terminar o fim-de-semana, fizemos um piquenique no mesmo sítio onde ontem vimos os macaquinhos: Rajpath, ao pé do arco do triunfo cá do sítio, India Gate. Mais uma vez, deliciei-me com a adorável companhia dos macaquinhos. Perguntei o preço de um macaco bebé, custa sensivelmente 30€... Estou seriamente a pensar na hipótese de levar um comigo para Portugal! Mãe, are you ready? Eheh

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Rishikesh + Haridwar

O fim-de-semana que passou fui respirar novos ares até Rishikesh. Devo dizer que os ares vindos dos Himalaias só me deixaram vontade de lá voltar!

A aventura começou às 23:00 de sexta-feira, 26 de Abril. Feitas as reservas on-line para a viagem até Rishikesh, entramos no autocarro e os bancos nem numerados estão. A tentativa de modernizar todo este sistema de viagens, via on-line, é demasiado sofisticada para a mentalidade indiana. Meia dúzia de palavras e a coisa lá se resolveu.
Com algumas paragens pelo meio, chegámos a Rishikesh às 6 da manhã. Se em Deli fazia uma festa cada vez que via uma vaca, aqui estava constantemente em modo festivaleiro! São as donas da cidades, juntamente com os macaquinhos.


Sábado de manhãzinha, depois de escolhermos em que praia iríamos pernoitar, fomos fazer Rafting. Que experiência! Começando em Shivpuri e terminando em Muni Ki Reti, entre correntes mais fortes, mergulhos e relax, lá descemos 16Km do rio Ganges. O rio Ganges é um dos símbolos mais sagrados da Índia sendo, por isso, um forte atracção turística e local
. Como esta cidade está próxima da nascente, o rio é super limpo (e gelado: quando mergulhei a primeira vez até os ossos sentiram!!). Estava também à espera de sentir aquele sabor a sal na boca mas, pelo contrário, a água é "doce"! Diria mesmo que pode ser engarrafada e bebida directamente.
No meio de toda esta aventura, ia perdendo os meus chinelos quando, numa das "rápidas" (correntes mais fortes), não consegui resistir à gravidade e caí no rio. Rapidamente eles flutuaram e voltaram ao sítio "where they belong" - que alívio (gosto mesmo dos chinelos)! Para me esquecer que os ia perdendo, uma boa injecção de adrenalina é a melhor solução: cliff jump. Saltei de um penhasco de 6/7 metros de altura: uooohhh!


Depois do almoço e de uma sesta, segue-se uma caminha pela montanha para ver umas cascatas: Neer Garh Waterfall. Foi uma tarefa difícil dado o cansaço acumulado ao longo do dia mas, com o apoio psicológico de todos, lá chegámos à cascata final! Em jeito de celebração, toca a "tomar banho" debaixo desta água tão límpida e beber um chá quentinho, yeeeyy!



O Domingo foi aproveitado para visitar a pequena cidade de Rishikesh: por entre ashrams, lojinhas e restaurantes, andámos quilómetros! O objectivo primordial era ver o Ashram onde estiveram os Beatles durante um retiro espiritual na década de 60 - Maharishi Mahesh Yogi Ashram. Aparentemente foi aqui que compuseram grande parte do "The White Album". É uma pena que não aproveitem toda a mística que o Ashram envolve e este esteja em ruínas...

Feita a visita a Rishikesh e depois de um almoço fantástico num café bem relaxante com vista para o rio, é hora de partir. Antes de irmos para Nova Deli, ainda parámos numa cidade chamada Haridwar.  É uma das sete cidades mais sagradas da religião Hindu e uma das quatro cidades onde se diz que gotas de Amrit, o elixir da imortalidade, acidentalmente caíram no rio Ganges enquanto estavam a ser transportadas pelo pássaro celestial GarudaPor este motivo, e segundo as crenças do Hinduísmo, a água do Ganges é a Ganga Maaa mãe que acolhe, perdoa os pecados de todos os dias e purifica. Os peregrinos compram "barquinhos" cheios de flores e velas acesas e põem-nos a navegar no rio. Depois colocam 3 gotas de água na boca e mergulham.
Uma tradição também frequente entre os praticante da religião Hindu é a celebração do "Mundan". O Mundan é realizado durante o primeiro ou terceiro ano de vida das crianças hindus (em algumas regiões, é feito apenas em rapazes). Diferentes pessoas têm diferentes crenças sobre o esta prática. Algumas pessoas consideram que os primeiros cabelos são impuros e simbolizam a negatividade da vida passada da criança. O principal objectivo desta cerimónia é para proteger o bebé: libertação do passado e purificação da alma para a vida futura. No fim do acto, o cabelo é simbolicamente oferecido ao rio sagrado.




E hoje, ao final de quase 3 meses, mudei de casa! 

It's the beginning of a new life...